What goes around (doesn't) come back around.
- nataliapumar
- 8 de set. de 2015
- 5 min de leitura

Enquanto eu estava no Brasil ainda planejando minha viagem, isso foi algo que nunca passou pela minha cabeça. Conhecer as pessoas e ter que me despedir num curto período de tempo. Curtíssimo. Pensei no frio, nas roupas que eu ia levar, o que eu queria visitar, o que eu queria aprender, no quanto eu iria gastar, no aluguel, nas contas, na comida... Mas nunca nas pessoas.
Ok, pensei na hostfamily e ficava imaginando se eu iria gostar deles (afinal eram 7 e eles receberam junto comigo outras 2 estudantes), se eu iria me apegar, se eu poderia ficar mais tempo ou iria querer fugir na primeira semana... Pensei. Mas no resto? Nunca. Nem 1 vez.
Aí chegou meu primeiro dia de aula e 2 semanas depois tive que dizer tchau à minha primeira "amiga" de Dublin e da escola. Serena (Italia) me chamou pra almoçar com a hostfamily dela e ficamos mais próximas na sala de aula. Nos primeiros dias também conheci Stephanie (Bélgica), Renault (Suíça) e Christelle (Suíça) poucos dias depois.

A pior parte de ficar num lugar por muito tempo (como a maioria dos brasileiros, 1 ano) é que a outra parte dos estrangeiros (geralmente europeus) ficam por 2 meses, 1 mes, quando não só 15 dias ou algo do tipo... E aí você fica. E vai ficando, ficando, ficando... E eles vão indo, vindo, e indo de novo. É difícil, ok, mas acho que é um dos sofrimentos que vale a pena (?).

Merve (Turquia) morou comigo na hostfamily, e depois disso grudamos pelos 3 meses que ela ficou aqui.






Christelle (Suíça) uma das melhores pessoas que já conheci <3 estudamos juntas por 3 meses (?) e há pouco tempo ela voltou pra uma visita rápida, o que foi ainda pior (despedida ao quadrado, não aguento).
Acredito que algumas das pessoas que conheci aqui, vou levar por um bom tempo, e essa é a melhor parte de toda a experiência... Estar aberto à novas pessoas e à novas personalidades, gente completamente diferente, de mundos e culturas completamente diferentes, que, não sei como (nem por quê) por alguma razão dão certo.

Nesses 6 meses, perdi as contas de quantas vezes troquei de turma. Era como se fosse um rodízio: dar tchau na sexta e dizer oi na segunda, sempre. Gavin melhor professor (outros que só por Deus). Depois de 3 meses a matéria começa a ficar repetitiva e você começa a acordar considerando os menores motivos pra não ir à aula.


Quando estava voltando da Espanha, conheci a Dayana no aeroporto. Ela estava vindo para o interior da Irlanda trabalhar como Au Pair por 2 meses, e acabamos trocando telefone/Facebook por ali. No fim, acabei recebendo ela na minha casa antes de ela voltar à Espanha, e espero encontrá-la mais uma vez.


Falando sobre receber em casa, eu e meus flatmates resolvemos criar uma conta no Couchsurfing. O que é? Receber alguém na sua casa sem cobrar nada, apenas pela experiência de conhecer gente nova de qualquer parte do mundo.
Matteo (Itália) ia também para o interior da Irlanda no programa Work Away (trabalhar numa fazenda em troca de acomodação + comida) e resolveu vir alguns dias antes para conhecer Dublin. A melhor parte? O spaguetti!!! <3 Segunda melhor parte? Temos acomodação for free na Itália também.

Estava indo à praia (zZzZzzzZ) com o pessoal da escola e sentei do lado da Júlia. "Where you from?" "Brazil... You?" "Nossa, eu também, finalmente!" hahaha disse que eu era a primeira brasileira que ela tinha conhecido (estava aqui há 4 dias e 0 português nesse meio tempo). Ficou só 1 mês mas nos vemos em São Paulo!! :)



Acho que essa foi a melhor turma que estive depois do meu 4º mês aqui. Uns 5 italianos que quando começavam a falar parecia uma feira, brasileira, venezuelanos, checa e coreana.
A pior coisa de ter que acordar cedo pra ir à aula é saber que não tem mais ninguém la que seja tão próximo à você como alguém era. Já tive amigos brasileiros, suíços e italianos que me animavam em ir pra aula, e não tem nada melhor do que isso.


Depois de me encontrar no aeroporto de Madri quando estava vindo pra Dublin, me deparei com uns 25 brasileiros esperando no portão de embarque e ali conheci o Wil (Brasil). Um casa estranho com tatuagem no pescoço e um braço pintado de preto, que tinha certeza que nunca mais iria ver na vida.
Na semana seguinte, indo no Starbucks com a Amanda (brasileira, que conheci no primeiro dia de aula), nos encontramos de novo e mantivemos contatos durante esses 6 meses (com muito xingamento e Spaguetti à Carbonara, obrigada!!) <3





Joy (Coréia) !!! Risos só de lembrar. A + autêntica e expressiva. Talvez eu seja meio idiota também mas não era possível não rir de tudo que ela falava. Hope to see you again <3




Beatriz (Brasil) só me deu uma bela de uma ressaca e me lembrou o quanto eu gostava de ler. Thank you, thank you, and thank you <3


Finalmente minha última turma.
Depois de 6 meses de idas e vindas, as coisas não ficam mais fáceis. Você não se acostuma, você não consegue não se apegar, não confiar, não procurar... Só não dá. Você só acaba confiando com mais facilidade, indo atrás mais rápido por que "depois vou me arrepender...", sentindo tudo ao extremo.
Depois de 6 meses finalmente percebi que ninguém é como ninguém, e principalemente ninguém é como eu. As pessoas vão reclamar do meu jeito, do meu humor, das minhas grosserias, não vão entender meu jeito de demonstrar afeto, não vão entender minha saudade, não vão entender meu amor por Dublin, não vão fazer por mim 1/4 do que eu fiz por elas (e como fiz!!!)... Não vão! Demora pra cair a ficha e ver como as coisas mudam em tão pouco tempo e no quanto os mínimos detalhes são capazes de fazer um estrago enorme, mas acostuma.
Ainda não estou acostumada com as idas e vindas, mas acho que isso vai melhorando com o tempo e com a frequência que isso acontece.
O que mais vale em tudo isso são as pessoas e as memórias. Sei que vou levar um pedacinho de cada um comigo; pequenas coisinhas que eu vou lembrando antes de dormir e acabo rindo sozinha quando penso no quanto sou capaz de lembrar das coisas (o que muitas vezes é uma merda).
Mas valeu a pena, todos e tudo que já aconteceu. Está valendo. Não importa em qual parte do mundo, na minha cabeça e dentro de mim sempre vai valer a pena.
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